quinta-feira, 5 de maio de 2016

Estados d'alma

Dói. Dói mais do que alguma vez doeu.
Fogem-me as palavras. As palavras que um dia fluíram desmesuradamente e que hoje ficam presas e sem sentido.
Não quero trilhar caminhos antigos.
Ambiciono novos percursos. Sem gente. Sem fantasmas.
Caminhos estes que são subidas consecutivas. íngremes. sem fim. Ou sem princípio. Não sei.
A cada passo que dou procuro reinventar-me.
Procuro esquecer-me. Perder-me, talvez. Para não mais me encontrar.
Procuro aquilo que nunca fui e que hoje quero ser.
Só.
Sinto-me cansada. Das mãos vazias que tentam chegar às minhas. Vazias de sentido. Falsas. Oportunistas. Que buscam apenas o seu próprio interesse.
Mesmo com passos pequenos, mesmo exausta, desiludida... prefiro trilhar o caminho sozinha.
Sinto que não mereço mais feridas abertas pelo tempo. Pelas atitudes. Ou mesmo pelas expectativas. As minhas...
A cada passo que dou, certifico-me de quem sou. Ou mesmo de quem fui. Ou do que o passado fez de mim.
Apaixonei-me.
E certifiquei-me que não quero apaixonar-me outra vez.
Doeu. Doeu muito. Abri feridas difíceis de cicatrizar.
Fiquei deslumbrada. Iludida.
Vislumbrei e senti aquilo que não sabia que existia.
Senti o peso da mentira. E dói. Se dói....
Vivi num castelo. Se calhar um castelo por mim imaginado. Feito de nuvens. De sonhos. De gestos não sentidos. Camuflados. De palavras. Que eram apenas e só palavras. Sem sentido. Sem verdade. Atiradas ao vento. Palavras escritas nos sonhos.
Vivi um conto de fadas. Tive um príncipe encantado. E um castelo nas nuvens. Apenas e só.

Amei.
Amei de corpo e alma. Com vontade. Com verdade. Com sentido.
Dei tudo.
Tudo.
Tudo.
Construí este amor. Guardei-o, bem guardado. Com medo de o perder.
E não o perdi!
Afinal, não se pode perder o que nunca nos pertenceu.
Fiz (e faço!) a minha vida girar em torno deste amor paciente, que tudo desculpa, tudo espera e tudo suporta.
Lutei para não o tornar possível. Lutei com todas as forças do meu íntimo para não o deixar criar raízes.
Quanto mais lutava, mais presas elas ficavam...
Desejei não te amar. De verdade que sim. Desejei tanto, tanto que, por mais voltas que desse,... eras tu.
Apenas tu.
Pedi a Deus (vezes sem conta!) que me mostrasse que não era amor.
Mas era.
Mas é.
Sonhei-te.
Construí castelos.
Cheguei a sentir-me a pessoa mais feliz do mundo. Do meu mundo.
No mais íntimo de mim, reconheço... Eras tu. És tu. Serás sempre tu.
Só contigo faria sentido a frase que deu origem a este blog.
Por ti e para ti, continuo a pedir a Deus que sejas feliz. Verdadeiramente feliz.

Hoje...
Reinvento-me.
Sozinha.
Procuro o amor próprio.
Com esperança de algum dia o encontrar...











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