domingo, 2 de novembro de 2008

Dar para se preencher

"É esta a quarta tentação: dar-para-se-preencher. É verdade que todo o amor enriquece quem o dá. Mas é também verdade que amar é querer o bem do outro e não o nosso. Sem isto não há amor. Como sabem, os homens têm toda a espécie de carências, sobretudo afectivas. Quando por vezes fogem de as enfrentar procuram uma pessoa para tapar os seus buracos. E chamam-lhe amor. Dizem coisas estranhas como 'preciso de ti para ser feliz', 'sem ti não seria ninguém' e 'não posso viver sem ti'. Ainda não entenderam nada. O amor é como uma ponte e cada pilar tem de estar bem assente por si próprio na sua própria margem. buscar o apoio do pilar na própria ponte é meio caminho para tudo se desmoronar. O amor é gratuito. Só pode amar quem aceita viver a sua própria solidão e sabe que não precisa do outro para sobreviver. A solidão não é o contrário do amor - como os homens muitas vezes pensam -, é o alicerce escondido."
O príncipe e a lavadeira, P.e Nuno Tovar de Lemos
Este excerto não precisa de quaisquer palavras mais.

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