Nunca mais é de manhã...

Apesar da minha enorme capacidade de sonhar, nos últimos tempos, a menina das tranças de ouro sente-se assustadoramente sozinha.

Mandaram-me ver o mar. Eu fui.

Pedi um abraço. Tive-o. Mas apenas por palavras.

A cada noite que passa e com a solidão que invade o meu ser, tenho mais dificuldade em adormecer.

Não sei sequer onde vou deitar-me. A cama é demasiado grande. Sinto-me ainda mais assustada. O sofá é a minha fiel companhia nestas noites de mágoa, de tristeza, de desilusão, de sonhos e vontades.

Hoje, apeteceu-me trazer a lua comigo. Estava linda. Queria que ela me fizesse companhia. Trago apenas a imagem que gravei na memória quando a vi, no céu, tão misteriosa e sonhadora como só ela sabe ser.

Hoje apeteceu-me não ser só eu. Mas sermos nós. Apeteceu-me que estivesses comigo. E ficar a conversar contigo até de manhã. Ficar nos teus braços. Pedir que me abraçasses. Mas tu não estás aqui. Tu não vieste. Tu não sabes que eu queria que viesses.

Bastava-me ouvir-te dizer: "Estou aqui... Não fiques triste, não estás sozinha!". Mas não. Nem sequer sabes que preciso de ti. Nem sequer te lembras que me sinto assustadoramente sozinha. Nem sequer te lembras que vivo com as minhas quatro paredes... e mais nada...